domingo, 29 de novembro de 2015

Tradicionalmente dividido, PSDB tenta união circunstancial para viabilizar impeachment




POR PAINEL


VER PARA CRER
Mesmo as vozes mais moderadas do PSDB passaram a embarcar na tese do impeachment de Dilma Rousseff. Em conversas recentes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez avaliações de que o governo federal “acabou”. Tucanos de diferentes plumagens, até aqui desunidos por ambições eleitorais distintas, agora se comprometem a construir consenso para viabilizar a troca de guarda no Palácio do Planalto e, por tabela, evitar o avanço do PMDB como alternativa de poder.
Bicudos O governo Dilma faz troça com o projeto tucano de unificação. “Aécio [Neves], [José] Serra e [Geraldo] Alckmin nunca se entenderão. Nem Dilma é capaz de mudar isso”, ironiza um ministro.
Estratégia O PMDB pressionará o presidente Renan Calheiros a convocar o Congresso durante o recesso parlamentar caso o pedido de impeachment seja aceito. O objetivo é contar prazo para acelerar o calendário de um eventual julgamento.
Voto certo Dirigentes do PT faziam os cálculos na sexta-feira e constatavam que os três correligionários do Conselho de Ética votarão a favor da abertura do processo de cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na próxima terça-feira.
Holofotes O próprio governo avaliava ser muito difícil influenciar os deputados do partido, que teriam de assumir o desgaste de apoiar o presidente da Câmara em uma votação aberta e transmitida ao vivo pelas emissoras de TV.
Ilusão de ótica Ao reconhecer o tamanho da crise, um importante ministro assim define dezembro: “quanto mais a gente olha para o fim do ano, mais distante ele parece que fica”.
Sou contra A cúpula do Executivo não quer nem ouvir falar no projeto que limita a dívida da União. Diz não ser o momento de se discutir o assunto e argumenta que a fixação de um teto nos moldes propostos pelo senador José Serra “não deu certo em nenhum lugar do mundo”.
Não tá comigo O Banco Central não pretende apurar, ao menos por ora, se o senador Romário (PSB-RJ) manteve dinheiro não declarado na Suíça. O banco entende que só pode fazê-lo se houver evidência concreta da existência da conta.
Tête-à-tête Delcídio do Amaral (PT-MS) teve audiência com Dias Toffoli, na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, na semana seguinte à conversa gravada em que disse já ter falado com o ministro sobre a situação de Nestor Cerveró.
Cicerone “Divulguei na minha agenda. Ele acompanhou um advogado na entrega de um memorial contra a cassação de três vereadores de Campo Grande. Não falou de Lava Jato”, diz o ministro.

Ilha de Caras Delcídio e a família eram frequentadores assíduos de colunas sociais sul-mato-grossenses. A festa de 15 anos de uma de suas filhas, segundo um relato, teve centenas de convidados e “240 garrafas de champanhe Veuve Clicquot”.
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Com colarinho Eduardo Cunha disse a aliados: “Acho que Delcídio não teria condições de organizar uma fuga daquelas. Parece muito mais conversa de botequim para jogar 171 no filho do Cerveró”.

Arigatô A representação no Brasil do governo japonês ficou irritada com a decisão de Dilma de cancelar a viagem ao país. Os japoneses não haviam sido avisados formalmente da desistência quando a informação foi publicada na imprensa.
Melhor não O secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse ao governador Geraldo Alckmin ser contra a reintegração de posse das escolas paulistas. Ele defende que, com a medida, pode haver confronto entre alunos e a polícia, desgastando ainda mais o governo.


TIROTEIO
Depois das prisões do Delcídio e do Bumlai, assim que o hóspede chega à recepção do hotel, já recebe o seu ‘kit Papuda’.
DE JULIO LOPES (PP-RJ), sobre a coincidência de Delcídio do Amaral (PT-MS) e José Carlos Bumlai terem sido presos pela PF no mesmo hotel.

 CONTRAPONTO

Na gravação que levou Delcídio do Amaral (PT-MS) à cadeia, o senador petista e Bernardo, filho de Nestor Cerveró, tecem elogios ao caráter do ex-diretor da Petrobras, condenado pelo juiz Sergio Moro a 12 anos e três meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
—Agora, bicho, com todo respeito, o teu pai é gente boa pra caralho, e os caras passando a perna nele… —diz o senador, lamentando que todos que cresceram por influência dele na Petrobras estão lhe “dando um nó”.
Bernardo, responsável por entregar o áudio comprometedor à Lava Jato, confirma:
—É um cara ético, né?

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