quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Abelhas domésticas podem estar a transmitir doenças às «primas» selvagens


Ciência


G1 Notícias



Abelhas domésticas podem estar a transmitir doenças às «primas» selvagens

Abelhas domesticadas portadoras de doenças podem estar a infectar as suas primas selvagens, responsáveis pela polinização, um trabalho vital para agricultores de todo o mundo, alertou um estudo publicado esta quinta-feira.

As populações de abelhas, tanto em cativeiro quanto selvagens, estão em declínio na Europa, nas Américas e na Ásia por razões que os cientistas ainda lutam para entender.
Num artigo publicado na revista Nature, investigadores europeus afirmam ter encontrado evidências que apoiam a teoria de que abelhas selvagens «Bombus terrestres», excelentes polinizadoras, estão a ser afectadas por vírus ou parasitas de abelhas produtoras de mel domesticadas nas colmeias.
«Há razão para nos preocuparmos», declarou aos jornalistas Matthias Fuerst, da Universidade Royal Holloway de Londres.
Numa experiência de fase três, a equipa expôs abelhas selvagens em laboratório a dois agentes patogénicos, o vírus de asa deformada e o parasita «Nosema ceranae», para ver se também podiam contrair doenças já conhecidas por afectar abelhas melíferas (produtoras de mel), criadas em cativeiro.
«Encontramos uma redução significativa da sua longevidade. Estes agentes patogénicos são realmente contagiosos» para as abelhas selvagens, disse Fuerst.
As operárias selvagens normalmente vivem cerca de 21 dias, mas quando infectadas têm a sua expectativa de vida reduzida para um terço a um quarto.
Em seguida, os cientistas foram a campo recolher «Bombus terrestres», também conhecidas como abelhões, e abelhas melíferas em várias regiões da Grã-Bretanha, examinando-as para identificar alguma infecção.
«As abelhas melíferas e os abelhões têm níveis muito similares destes agentes patogénicos no mesmo local, o que significa que há alguma conexão entre as produtoras de mel e os abelhões»explicou o biólogo.
Por fim, a equipa verificou que as abelhas melíferas e os abelhões recolhidos no mesmo local tinham mais estirpes intimamente ligadas do mesmo vírus do que as abelhas de outro local, um claro indicador de infecção entre as espécies.
Embora não tenham conseguido demonstrar definitivamente que os agentes patogénicos passaram das abelhas melíferas para os abelhões e não o contrário, os cientistas afirmaram que isto seria o mais provável e a conclusão mais lógica.
Mais abelhas melíferas do que abelhões ficaram infectadas e as abelhas melíferas «doentes» tinham níveis virais mais elevados do que os abelhões.
Sendo assim, segundo Fuerst, «faz sentido modelar o fluxo delas (abelhas melíferas) para os abelhões».
«A prevalência do vírus é muito mais elevada em abelhas melíferas, portanto é lógico fazer esta previsão, mas não temos uma evidência definitiva de que o fluxo vá nesta direcção», acrescentou.
Segundo os cientistas, o principal veículo da infecção foi a visita às flores, uma vez que as abelhas entram em contacto com as mesmas flores, deixando e transportando agentes patogénicos na sua trajectória.
Elas também podem espalhar doenças ao invadir as colmeias umas das outras em busca de mel ou néctar.

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