quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

SUSPEITO ADMITE QUE ACENDEU ROJÃO QUE MATOU O CINEGRAFISTA




Caio Silva de Souza estava a caminho do Ceará e foi preso na Bahia.
Cinegrafista da Band morreu após ser atingido na cabeça por explosivo.

Do G1 Rio

Cronologia morte do cinegrafista da Band e prisão do suspeito Caio (Foto: Editoria de Arte)
Caio Silva de Souza, de 22 anos, admitiu nesta quarta-feira (12), em entrevista à repórter Bette Lucchese, da TV Globo, ter acendido um rojão durante a manifestação contra o aumento do preço do ônibus, na quinta (6), no Centro do Rio. Em sua fala, obtida com exclusividade, ele disse que não sabia que o objeto era um rojão, e pensou que fosse um "cabeção de nego", artefato que só provoca fumaça e barulho, mas sem efeito pirotécnico.
Repórter: Você acendeu o rojão?
Caio: Se eu acendi? Acendi sim.
Repórter: Junto com o Fábio?
Caio: (balança a cabeça positivamente)
Repórter: Você tinha um alvo específico?
Caio: Não. Nem sabia que aquilo era um rojão.
Repórter: Pensou que fosse o que?
Caio: Um cabeção de nego.
Para os policiais que fizeram a sua prisão, no entanto, Caio não admitiu nem negou. Segundo o delegado Maurício Luciano de Almeida e Silva, o suspeito deixou claro na Bahia, ao ser preso, que não falaria sobre o fato. "Não admitiu nem negou nada que lhe é atribuído. [...] Ele não está antecipando nenhuma informação. Imagino que está esperando uma estratégia do advogado e falará no momento oportuno", afirmou.
O jovem, que é auxiliar de serviços gerais de um hospital no Rio e suspeito de lançar o rojão que matou um cinegrafista da TV Bandeirantes, não esboçou reação ao ser preso em uma pensão de Feira de Santana (BA), na madrugada desta quarta.Ele já foi trazido para o Rio. O outro suspeito pelo crime é Fábio Raposo Barbosa, também de 22 anos, que confessou ter participado da ação e está preso desde domingo (9).
A polícia esclareceu detalhes da prisão em entrevista coletiva e disse que o suspeito "estava acuado, assustado, com muita fome, após dois dias sem se alimentar". Ele ainda não tinha dormido e estava em um quarto pequeno.
Na entrevista à repórter da TV Globo, Caio disse ainda que, depois da veiculação das imagens onde apareceria recebendo o rojão, teve medo de ser morto por "pessoas envolvidas nas manifestações".
Repórter: Quando você viu a imagem, você sabia que era você?
Caio: Não. Não me mostraram.
Repórter: Mas depois, quando começaram a mostrar?
Caio: Eu fiquei com medo de me matarem. A verdade é essa.
Repórter: Quem poderia te matar?
Caio: Pessoas envolvidas nas manifestações.
O suspeito preso pediu ainda desculpas pela "morte de um trabalhador, como ele próprio, sua mãe e seu pai". Na conversa, que foi ao ar no RJTV, Caio disse que há jovens que são atraídos por terceiros a participarem do protesto: "Alguns vão aliciados, sim, outros não". Questionado sobre quem seriam os aliciadores, ele não deu detalhes. "Isso eu não sei dizer à senhora. A polícia tem que investigar." Ele afirmou que políticos poderiam estar envolvidos.
O cinegrafista Santiago de Andrade foi atingido na cabeça por um rojão, enquanto gravava imagens de confronto em manifestação contra o aumento de passagens de ônibus, no Centro do Rio, na quinta-feira (6). Ele sofreu afundamento de crânio, foi submetido a cirurgia e passou quatro dias em coma no Hospital Souza Aguiar. Na segunda-feira (10), teve morte cerebral. O corpo, segundo a família, será velado e cremado na quinta-feira (13), no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária.
O delegado Almeida e Silva disse que, segundo relato de pessoas próximas, Caio Silva de Souza é "uma pessoa completamente diferente do que demonstrou" na manifestação. "As pessoas dizem que ele é calado, tranquilo. No ambiente de trabalho ficaram surpresos de saber do envolvimento do Caio no episódio, o que leva a crer que o Caio, sob efeito da multidão, ele se transforma" (veja trechos da coletiva nos vídeos ao lado).
Sobre a fuga de Caio, a polícia também esclareceu que recebeu a informação de vizinhos de que o suspeito havia deixado a sua casa na segunda (10), com uma mochila, "na companhia do pai e da madrasta". O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, afirmou que o advogado Jonas Tadeu, que também representa o outro envolvido no caso, intercedeu para agilizar a entrega.
Caio contou após a prisão que pretendia fugir para a casa de um avô, no Ceará, quando foi convencido por telefone pela namorada a se entregar à polícia na Bahia. Ele se entregou em uma pousada próxima à rodoviária da cidade de Feira de Santana, que fica a mais de 1,5 mil km do Rio e a 100 km de Salvador, e chegou às 8h42 desta quarta ao Rio.
Segundo a GloboNews, logo depois de desembarcar, acompanhado de vários agentes civis e federais, foi levado algemado num automóvel Logan prata para a Cidade da Polícia, conjunto de unidades policiais no Jacarezinho, Subúrbio do Rio, onde chegou às 9h.

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