sábado, 22 de março de 2014

A Voz do Povo diz: quem lidera pesquisa em abril ganha eleição em outubro

Amigo meu de plumagem tucana me mandou mensagem na quinta-feira: “Tem um rumor aí na praça de que o Ibope está para divulgar uma pesquisa, que a Dilma caiu sete pontos e que os adversários da oposição subiram. Você está sabendo de alguma coisa?”
Como odeio contrariar o pensamento-torcedor de meus amigos, apenas disse que não sabia de nada, mas aquilo me intrigou porque fiquei sabendo que o boato se propagou e mexeu fortemente no movimento da Bolsa de Valores. Em minha opinião de leigo, só uma coisa mexe com a Bolsa: a malandragem de especuladores que, a pretexto de alguma coisa geralmente irrelevante (a crise na Ucrânia, o cronograma das obras do Itaquerão, uma pesquisa do Ibope), esticam para cima o valor de seus papéis. O filme é velhíssimo.
A gente viu que a pesquisa do Ibope existia, sim, mas que os resultados não tinham nada a ver com o que haveria de esperar a revista Veja e os moradores do Leblon. Diz lá: Dilma venceria no primeiro turno seja qual for o cenário. Conclusão: aproveitando a boa fé dos tolos, teve gente fazendo fortuna na Bolsa da noite para o dia.
A única coisa que se chama atenção numa pesquisa sem nenhuma novidade é o que chamo de Lei da Voz do Povo. Quem a formula é Marcos Coimbra, diretor do instituto de pesquisa que tem esse nome, Vox Populi. Segundo Coimbra, o candidato que está na frente da pesquisa em abril costuma vencer a eleição presidencial no final do ano. Aconteceu com Fernando Collor, em 1989. Com Fernando Henrique, em 1994 e 1998. Com Lula, em 2002 e 2006. Com a própria Dilma Rousseff, em 2010.
A lógica do processo parece ser esse: a menos que um cataclismo aconteça, o que está eleitoralmente escrito hoje é o que deve prevalecer no dia da eleição.
Eu acrescentaria uma opinião: num país como o Brasil, o eleitor tende a deixar as coisas como estão, numa acomodação que favorece a reeleição dos governantes. Só um idiota não se reelege. É essa idéia de “ruim com ele, pior com ele” que beneficia a figuras como o insípido governador Geraldo Alckmin – e que pode beneficiar a própria Dilma.
Bem, a gente ainda não chegou em abril e este ano traz um evento de risco chamado Copa do Mundo. Não acredito que a reeleição da Dilma vá ser afetada, em outubro, por uma derrota do Brasil em campo – nem que ela irá usufruir eleitoralmente de uma eventual vitória com o planejaram os generais da ditadura.
O elemento-risco, penso eu, é se a organização da Copa se revelar um fracasso, se a Copa vier a nos encher de vergonha aos olhos do mundo.
Aí, sim, e só assim, é que Dilma pode deixar de faturar uma eleição que, apesar dos boatos plantados e dos interesses contrariados, sugere uma goleada.
Vamos, de toda forma, esperar para ver a bola rolar. R7 Notícias.

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