sexta-feira, 21 de março de 2014

Diretor da Petrobras que teria omitido informações ao conselho é destituido


Nestor Cerveró era diretor financeiro da empresa. Ele comandava a área internacional quando estatal comprou a refinaria de Pasadena, nos EUA.


O Conselho de Administração da Petrobras Distribuidora destituiu há pouco Nestor Cerveró do cargo de diretor financeiro da empresa. Cerveró comandava a área internacional da Petrobras quando a estatal comprou a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006. Um documento encaminhado pela estatal brasileira ao órgão regulador do mercado financeiro americano declara que teria sido pago pela refinaria um valor ainda maior do que o anunciado até o momento.
A refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, segundo a Petrobras, está em plena operação: máximo da capacidade dela, e dando lucro. Mas a Petrobras continua sem comentar a operação de compra da refinaria.
O Conselho de Administração da Empresa se reuniu nesta sexta-feira (21) em São Paulo. Todos saíram sem dar declarações.
Metade da refinaria foi comprada pela Petrobras em 2006, e a outra metade em 2012. No total, a empresa gastou quase US$ 1,2 bilhão ou mais de R$ 2,7 bilhões, por uma refinaria que valia, em 2005, US$ 42,5 milhões.
A explicação do governo para o preço pago pela refinaria é a seguinte: em 2005, a Astra, empresa belga, comprou a refinaria por US$ 42 milhões e investiu nela outros US$ 84 milhões. Total: US$ 126 milhões.
Em 2006, a Petrobras investiu US$ 190 milhões na compra, e gastou outros US$ 170 milhões na aquisição de metade do estoque de petróleo que a refinaria possuía naquele momento.
Total: US$ 360 milhões. Tudo auditado, segundo a Petrobras.
Em 2012, depois de uma disputa judicial com a sócia belga, a Petrobras foi obrigada a comprar a outra parte da refinaria por causa de cláusulas contratuais. Foi essa compra que elevou o gasto para quase US$ 1,2 bilhão.
Mas o custo pode ser ainda maior. Em um documento encaminhado à agência que regula o mercado financeiro nos Estados Unidos em 2007, a Petrobras informou que o preço pago por metade da refinaria foi de US$ 416 milhões, ou seja, bem mais que os US$ 360 milhões informados agora. A Petrobras não comentou essa diferença.
Em várias oportunidades ao longo dos últimos anos, a Petrobras tem defendido o negócio. Em depoimento à Comissão de Assuntos Econômicos de Senado, no ano passado, por exemplo, a presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que, em 2006, a compra da refinaria era vantajosa, mas a crise econômica que veio a seguir prejudicou o negócio.
“O momento era completamente diferente do que foi em 2009, no momento da crise, que as margens desabaram. O mercado consumidor sumiu, desapareceu o mercado, e voltou depois, muito lentamente. Então, quando olhamos para trás, se olharmos agora, com as crises que vieram, se eu olho hoje, eu falava: é, talvez não tenha sido a melhor opção”, afirmou Graça Foster, presidente da Petrobras. Fonte: jornal da Globo.
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