Eleições 2014
Dilma nega ministério, mas oferece apoio ao PMDB em seis Estados
Após reunião com a presidente, integrantes do PMDB afirmaram que Dilma está "irredutível" em ceder o sexto ministério para o partido aliado
Revista Veja
IRREDUTÍVEL - presidente rejeita nomear o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para ministro da Integração Nacional
(Hector Planes/AFP)
“Até quinta feira, vamos marcar uma nova reunião para discutir com a cúpula do PT e do PMDB as alianças regionais que estão causando o maior estresse e o maior problema. Acho que por aí a gente vai avançar, distensionando essa crise”, disse o presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp.
Por enquanto, petistas e peemedebistas só definiram aliança em três Estados – Pará, Sergipe e Amazonas – e no Distrito Federal.
Ao atender o apelo dos peemedebistas nos palanques regionais, Dilma teria assegurado o apoio ao seu projeto de reeleição na convenção do partido, agendada para junho. Dessa forma, ela enfraqueceria os movimentos da ala descontente da legenda, Eduardo Cunha (RJ) à frente, que defende a antecipação do encontro da Executiva para abril e o debate sobre a aliança ao governo petista nas eleições.
Apesar do aceno, permanece o impasse em Estados importantes para petistas e peemedebistas, como Rio de Janeiro e Ceará. No Rio, serão oponentes o atual senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e o vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ). No Ceará, o Planalto insiste em nomear o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) para o Ministério da Integração e, com isso, forçá-lo a desistir de sua candidatura ao governo cearense. A saída de Eunício abriria espaço para um acordo entre PT e Pros, partido do governador cearense Cid Gomes, que se manteve fiel ao Planalto após o desembarque do grupo de Eduardo Campos (PSB) do governo federal. Em reunião com Temer neste domingo, porém, o senador cearense rejeitou novamente a possibilidade de assumir o ministério.
“A presidente disse que está aberta a discussões, a conversações, a entendimentos nas alianças regionais. Tem conversado com o governador Sérgio Cabral, com o Pezão, com o Eduardo Paes e com o Eunício, onde a gente entende que tem os maiores desafios a serem enfrentados”, disse Raupp. “Os motivos principais da tensão são as alianças regionais. Tem mais estados que dá para conversar. O PT só tem candidatos fixos em onze Estados. Os demais estão abertos para diálogo, discussão e entendimento. E o partido preferencial é o PMDB, assim como o partido preferencial do PMDB é o PT. A aliança nacional sempre começa com esse partido”, completou.
Chantagem – A estratégia de Dilma é tentar isolar o líder da legenda na Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Internamente, integrantes do partido afirmam que Cunha tem utilizado de “chantagem” para retomar o canal de interlocução com o governo e garantir a liberação de recursos para sua base eleitoral. Apesar da posição do líder, setores do partido afirmam que ainda há espaço para diálogo e dizem que a dobradinha Dilma-Temer está mantida para as eleições de outubro.
“Não podemos dinamitar as pontes, elas têm de estar sempre intactas para que a gente possa continuar avançando”, disse Raupp.
Articulador do movimento na Câmara para pressionar o Planalto, Cunha também recuou sobre o seu papel no “blocão” de deputados. “Não estou levando ninguém para a guerra”, disse. “Eu fui agredido, reagi e agora querer me demonizar. Se isolarem a mim, vão isolar a bancada”, afirmou. E disse não se importar de não ter sido convidado para participar das reuniões com Dilma: “Talvez eu nem fosse mesmo. Não tinha clima”.
Sem alarde, deputados do PMDB já preparam mais uma ofensiva. Contando com o apoio da oposição e da base, eles vão defender a aprovação de requerimentos de convocação dos ministros Aldo Rebelo (Esporte), Edison Lobão (Minas e Energia) e Arthur Chioro (Saúde), além da presidente da Petrobras, Graça Foster, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para dar explicações sobre irregularidades nos setores que comandam. A votação pode acontecer já nesta terça-feira, na Comissão de Fiscalização e Controle.
“Isso é papel do parlamento. Nós vemos a necessidade de várias respostas, como o caso de recebimento de propina da Petrobras”, disse o deputado Lúcio Vieira Lima (BA). “O governo não quer fazer faxina? Então a base aprova a convocação para apurar as denúncias”, continuou.
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