A estratégia do PT de mandar sua militância para as ruas na manhã de sexta-feira(4)para se solidarizar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi levado a prestar depoimento à Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, pode ter sido um tiro no pé.

O partido carrega seus próprios problemas e hoje também representa um governo que tem rejeição altíssima (64% rejeitam o governo) e aprovação em torno de 10%. Portanto, se os contrários se sentirem estimulados a também se manifestar nas ruas, o confronto será significativo e com possibilidade forte de reeditar as manifestações de 2013.

Até aqui, o PT sempre ameaçou seus críticos com a possibilidade de levar sua tropa para as ruas, amparado pela mobilização dos movimentos sociais. Ontem mesmo, o presidente do PT, Rui Falcão, conclamou a militância a ficar em vigília aguardando orientações e informou que a CUT também estava fazendo o mesmo.

A militância petista sabe protestar. Mas, seguramente, hoje é bem menor do que já foi e pode ser engolida pelos contrários.

Ou seja, corre o PT o mesmo risco que correu Fernando Collor lá em 1992, quando pediu que os brasileiros vestissem verde e amarelo e fossem para as ruas. Roupas pretas inundaram as principais capitais do país e, dali até o impeachment, não demorou dois meses.

Agora, há contaminação pelo desgaste do PT e pelo governo que vive uma combinação de crises  além da Lava Jato, tem de enfrentar sua própria base esfacelada e uma crise econômica que arrasta o país para a mais longa recessão da história, gerando desemprego e queda de renda. Ou seja, tem muita gente com motivos para protestar.

Cristina Lôbo