terça-feira, 19 de abril de 2016

Derrota da presidente Dilma na Câmara no último domingo deve afetar Lula em 2018









SÃO PAULO E BRASÍLIA — Além da presidente Dilma Rousseff, a derrota na votação do impeachment também afeta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O empenho dele nas negociações o transformou em sócio do fracasso na Câmara dos Deputados. Apesar do resultado negativo, o prestígio de Lula no PT continua inabalado, e ele segue como único nome do partido para a eleição de 2018.





Alguns de seus aliados temem, porém, os desdobramentos da Operação Lava-Jato. Esses aliados creem que o juiz Sérgio Moro se esforçará para apressar a condenação do petista a tempo de que ele seja julgado em segunda instância, antes das eleições de 2018. Caso isso ocorra, Lula ficará inelegível, devido à Lei da Ficha Limpa. A possibilidade de Lula obter privilégio de foro, e fugir de Moro, acaba se Dilma sofrer impeachment.

No momento, a missão de Lula será mergulhar nas articulações com os senadores para tentar barrar o impeachment. A principal preocupação da cúpula do PT é manter o partido unido e evitar que ele encolha nos próximos meses. Uma parte expressiva da bancada de deputados articula a fundação de uma nova legenda, e há risco de derrota enorme nas eleições municipais.

O PT já chegou a um consenso: é preciso atormentar um eventual governo de Michel Temer. Para isso, a ação de Lula para manter os movimentos sociais nas ruas é considerada fundamental.

A derrota de domingo afetou Lula porque ele mergulhou nas articulações políticas. Na suíte do hotel Royal Tulip, em Brasília, recebeu parlamentares, governadores e dirigentes partidários. Na avaliação dos aliados de Lula, o resultado das articulações poderia ter sido diferente, se o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes não tivesse suspendido sua nomeação para a Casa Civil.

Há, porém, quem questione no se esse empenho foi total. Um fonte disse ao GLOBO que alguns integrantes do governo ficaram com “uma pulga atrás da orelha”. Para os que têm essa dúvida, Lula teria se empenhado menos do que poderia por considerar melhor que a gestão Dilma seja interrompida.

Assim, ele mobilizaria as ruas contra um governo Temer. E poderia dizer que tentou corrigir os erros políticos de seis anos de governo Dilma, mas que a missão era tão hercúlea que nem ele conseguiu. Com isso, poderia criar um ambiente político para se candidatar em 2018. Desde que, frisou a fonte, não seja preso pela Lava-Jato.




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