Após a redemocratização, foram presidentes da república sucessivamente José Sarney, Fernando Collor,Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva.
José Sarney, representante típico das elites políticas oligárquicas profissionais do poder, mergulhou o país num processo hiper-inflacionário e encerrou o seu governo paralisado e em meio a um mar de lama.
Fernando Collor, jovem político fruto dessa mesma elite, não conseguiu terminar seu mandato e foi cassado pelo Congresso por corrupção. O professor de sociologia Fernando Henrique Cardoso se reelegeu, e trouxe a estabilidade econômica a uma nação na qual a inflação penalizava especialmente aos mais pobres. E o operário Luis Inácio Lula da Silva também se reelegeu, fazendo mudanças sem precedentes em termos de políticas sociais no Brasil. FHC e Lula resolveram “sair do seu quadrado”. E o Brasil melhorou.
Édson Lobão Filho é o novo Collor na linha sucessória de Sarney. Filho da oligarquia maranhense, aparece como a sua versão rejuvenizada, maquiada. Uma cara nova para que os mesmos de sempre permaneçam no poder. Mas num ponto ele é sincero: ele declara que na sua visão o governo, o Palácio dos Leões, é propriedade deles.
Quando Lobão Filho fala “cada um no seu quadrado” ele está afirmando que o Palácio dos Leões é o “quadrado”, o “cercadinho” do grupo Sarney e seus aliados. Passou de Sarney para Lobão, para a filha do Sarney em quatro mandatos, e agora querem dar para o filho de Lobão. Quem viria depois? Quando o primeiro Sarney neto ou neta terá idade para ser governador? Pra ele, o Palácio dos leões é propriedade das elites do poder. Por isso não é lugar para um médico como foi Jackson Lago, ou um professor e juiz como é Flávio Dino. Por essa lógica, também não seria lugar para sociólogos ou operários, embora nem por isso os grupos Sarney e Lobão deixaram de fazer parte dos governos FHC e Lula.
Para além dos candidatos, partidos, programas, é isso que está em jogo na eleição do Maranhão: Uma mudança profunda de era. Uma travessia que o Brasil começou com o fim da República Velha, cujos mecanismos ainda resistem no Maranhão.
O voto em Flávio Dino, antes de ser um voto nele ou no seu partido, e um voto a favor de uma mudança de era. Mário Covas falava em 1989 que o Brasil precisava de um choque de capitalismo. O Maranhão clama por um choque de estado de direito. O que está em jogo é se a política e o governo são o espaço do público, da alternância, dos médicos, dos professores, dos operários, dos agricultores, dos homens e mulheres, ou se é propriedade privada das suas elites, das famiglias, dos donos do poder. E fantástico estar trabalhando aqui. Um encontro do trabalho com a história.
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