terça-feira, 19 de agosto de 2014

Policia federal desmonta esquema fraudulento da caixa econômica no Maranhão



Mais de 5 mil prejudicados em esquema de financiamento de imóveis da Caixa
O esquema com fraude envolvendo funcionários do banco estatal, chegou a movimentar um montante superior a R$ 500 milhões, no ano de 2010.

Gildean Farias/Jornal o Imparcial


Dezoito pessoas ouvidas, além de mandados de busca e apreensão de documentos e suspensão da função pública. Esse foi o resultado da Operação Cartago, deflagrada hoje, pela Polícia Federal, que investiga suposto esquema de fraude envolvendo financiamento imobiliários dentro das agências da Caixa Econômica Federal (CEF) de São Luís. As buscas foram realizadas nas casas de funcionários das agências da Caixa, que seriam os principais envolvidos no esquema fraudulento.

De acordo com a Superintendência da Polícia Federal em São Luís, o esquema com fraude envolvendo funcionários do banco estatal, chegou a movimentar um montante superior a R$ 500 milhões, no ano de 2010. Nesse mesmo ano, de acordo com as investigações, verificou-se que todos os contratos de financiamento firmados em uma única agência da Caixa, eram fraudulentos. Além disso, as investigações revelaram que mais de 5 mil pessoas podem ter sido prejudicadas com o esquema.

Como as pessoas ouvidas, cumpriam apenas mandados de condução coercitiva, estas foram liberadas logo após os depoimentos. Os documentos apreendidos serão analisados pela Polícia Federal, para saber qual a fraude foi aplicada em cada contrato. As investigações deverão continuar e, a Caixa e a Justiça deverão decidir sobre possíveis ressarcimento às pessoas lesadas pela fraude.
Esse ressarcimento, de acordo com o superintendente da Polícia Federal em São Luís, Alexandre Silva Saraiva, deverá ser em relação ao percentual que foi cobrado indevidamente, pela intermediação de financiamentos imobiliários.

Entenda como ocorria a fraude

De acordo com o delegado Sandro Rogério Jansen, coordenador da Operação Cartago, em 2005, a Caixa criou a figura do correspondente imobiliário, que seriam empresas terceirizadas que atuariam como prestadores de serviço à Caixa nos locais onde não houvesse agência do banco. Quatro anos depois, em 2009, a função desses correspondentes imobiliários foi ampliada, e eles passaram também a intermediar e facilitar o financiamento de imóveis pela CEF. De acordo com o delegado, esse serviço de intermediação resultava em um percentual de cerca de 3% do valor do imóvel, repassados às empresas.

“É nesse ponto que começa o esquema fraudulento, formado na maioria por funcionários da Caixa. Os gerentes começaram a criar empresas em nome próprio e em nomes de parentes e passaram a prestar esse serviço de intermediação de financiamento de imóveis, quando a própria Caixa havia proibido esse tipo de conduta. O problema se agravou quando, alguns mutuários se dirigiam à Caixa na intenção de financiar um imóvel, sem intermediação nenhuma, e os funcionários simulavam essa intermediação pelas empresas fictícias criadas por eles, e recebiam percentuais por isso”, explicou.

De acordo com o delegado, a fraude começava nesse ponto, na simulação de intermediação de contratos imobiliários, não existentes e que eram intermediadas por empresas de propriedade de funcionários da Caixa, sendo que algumas nem existiam.

Jansen revelou ainda que o esquema fraudulento teria avançado e, além de atuar como intermediadores de financiamento imobiliários, os funcionários criaram empresas de construção civil. Então, eles passaram a construir imóveis, também com empresas fictícias, em seguida, eles intermediavam a negociação com a Caixa e eles mesmo autorizavam esses créditos para os mutuários financiar os imóveis.

Ainda de acordo com a Polícia Federal, foram montados escritórios de atendimento dessas empresas, no interior das próprias agências da Caixa Econômica, utilizando assim o espaço físico, mesas, cadeiras e até mesmo computadores das agências, tendo os empregados dessas empresas, chegado a ter acesso à senhas restritas de funcionários da CEF.

Operação Cartago

A operação realizada hoje contou com a participação de 121 policiais federais dos estados do Maranhão, Minas Gerais, Ceará, Distrito Federal e Piauí. Os envolvidos no esquema poderão responder pelos crimes de gestão fraudulenta, estelionato, peculato, corrupção passiva e ativa, violação de sigilo funcional, inserção de dados falsos e sonegação fiscal. “Muitos dos funcionários investigados, tiveram movimentação financeira acima de R$ 1 milhão, o que é incompatível com os salários que recebiam, nas suas respectivas funções”, completou o delegado Sandro Rogério Jansen.

As investigações que culminaram na operação deflagrada ontem, foram iniciadas pela Polícia Federal ainda em 2012, após a própria Caixa Econômica Federal dar início a uma investigação administrativa e solicitar da PF, uma apuração criminal dos indícios de fraude.

Jansen confirmou que foram investigadas seis agências da Caixa, todas na capital e que nesse período, foi descoberto um total de 5.033 contratos feitos por meio de intermediação de correspondente bancário fictício, ou seja, mais de 5 mil pessoas podem ter sido lesadas com o esquema. O nome da operação faz alusão à queda da cidade de Cartago, que sucumbiu em decorrência da corrupção da aristocracia da cidade, durante a Terceira Guerra Púnica.

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