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Lola Benvenutti escreveu "O prazer é todo nosso" a partir de vivências reunidas em blog com postagens sobre a própria trajetória
Lola Benvenutti escreveu "O prazer é todo nosso" a partir de vivências reunidas em blog com postagens sobre a própria trajetória
Formada em letras e mestranda, Lola estuda propostas para adaptar história ao teatro e ao cinema |
Formada em letras pela Universidade Federal de São Carlos (SP), a mestranda Gabriela ampliou a lista de garotas de programa cujas experiências acabaram narradas em livro. O caso mais notável no Brasil atende por Bruna Surfistinha (nome de guerra de Raquel Pacheco), inspiração para o filme homônimo estrelado por Deborah Secco e autora do depoimento biográfico O doce veneno do escorpião. Somam-se ao grupo a ativista brasileira pelos direitos da prostituição Gabriela Leite, a prostituta brasileira com experiência em Portugal Paula Lee, a portuguesa Maria Porto, além das irmãs holandesas Fokkens, gêmeas referências no assunto aos 70 anos (veja abaixo). Entre a internet e a vida real, todas encontraram nas letras o modo de levar aos quatro cantos do mundo os devaneios vividos entre quatro paredes.
As histórias de Lola frutificaram na internet, o paraíso fértil do interesse sexual onde uma em cada quatro pesquisas se referem a sexo e 12% dos sites existentes contêm pornografia - como atestou pesquisa divulgada pela revista norte-americana The Week em março. Os relatos se particularizam pela defesa da prostituição como meio para extravasar a sexualidade. A prostituta foge do estereótipo de ter escolhido a profissão como obra de traumas, falta de oportunidades ou golpe sócio-econômico. Filha de ex-militar e ex-enfermeira, ela bagunça o preconceito sobre a ocupação ao trocar vida acadêmica por deleites na cama: "Não trato a prostituição como um fardo. O sexo torna a pessoa muito melhor", crava.
Em O prazer é todo nosso, a escritora descreve encontros, distribui conselhos amorosos e sexuais, comenta traços e trejeitos de clientes. O tom é quase professoral. E há uma evidente preocupação em extrair prazer de qualquer situação: no striptease masculino, diante de clientes não atraentes ou até de indecisos quanto à própria sexualidade. A linguagem simples e o passeio por dúvidas cotidanas - muitos a procuram para fazer perguntas - aproximam o leitor da prostituição.
"Livros assim mostram o outro lado da história. Até se forem inventadas, aumentadas, é uma voz", pondera a coordenadora-geral da Associação das Profissionais do Sexo de Pernambuco, Nanci Feijó. "É uma forma de elas se tornarem melhores dos que as que não têm como se embrenharem pelo caminho, o das letras", contrapõe a doutora em antropologia pela UFPE Cecília Patrício, de um grupo de estudo sobre Família, Gênero e Sexualidade.
Acostumada a gerar reações pela profissão escolhida, Lola, aos 22 anos, foca na carreira enquanto se decide entre propostas para levar a história ao cinema ou teatro. Dona de um apartamento nos Jardins, bairro rico em São Paulo, pretende continuar com os atendimentos e o blog: "Graças à minha profissão de puta, escrevi o livro. Juntei minhas duas paixões: sexo e literatura". Pelo visto, a fome sexual está longe se ser saciada. Informações Jornal Imparcial.
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