sexta-feira, 4 de abril de 2014
Nada como viver! Diz Cantor Netinho
Netinho canta no Rio e declara: ‘Tive tudo para morrer. Se não morri, entendo que há algo além para fazer aqui’
O cantor Netinho faz show na Barra da Tijuca Foto: Thiago Lontra / Thiago Lontra
O título do novo show de Netinho não poderia vir mais a calhar: “Nada como viver!”. O baiano é a atração neste sábado, dia 5, no Citibank Hall, na Barra da Tijuca, depois de passar por um período de internação causado pelo uso de anabolizantes. A entrada de pista custa R$ 50.
Que lições você tira do episódio que quase o matou?
Muitas. Comparo esse momento recente ao vivido quando minha filha nasceu. Muitas coisas mudaram de valor na minha vida. E agora digo que, após este período de internação no hospital, tudo se transformou. Quando você se entende ali, num leito de hospital, sem movimentos, sem voz, sem ter nem como expressar sua opinião sobre aquilo, todos os valores caem por terra. Acontece uma nova compreensão de tudo. Como uma “atualização” de aprendizado que você já tem. Apesar de trágico o que vivi, foi de enorme ensinamento. Em todos os níveis, inclusive e principalmente no espiritual.
De onde vem a energia para voltar a subir ao palco? Já está 100%? Conseguiu voltar à rotina de exercícios?
Estou quase 100% recuperado. Cada dia me sinto melhor. Quanto aos três AVCs que sofri, tive a sorte de tê-los já internado no hospital. Dessa forma, o atendimento a eles foi imediato, e não fiquei com qualquer sequela. A minha energia vem da ciência que tenho hoje da minha vida e do meu ofício, que é cantar e alegrar as pessoas. Tive tudo para morrer, fui desenganado por dois hospitais, o Aliança, de Salvador, e o Sírio-Libanês, de São Paulo. Após esses episódios, os meus exames começaram a melhorar diariamente, sem explicação, e saí dali.
Naquele momento, dentro do hospital e quase sem vida, era um homem realizado e feliz com minha vida. Passado tudo, se não morri, entendo que há algo além para fazer aqui. Sigo então com minha história e aguardo algo que sei que virá adiante, uma função diferente do que faço, algo a cumprir. Aos exercícios, estou voltando aos poucos. Cumpri todo o período de fisioterapia e hoje já faço musculação (bem leve e de acordo com a força do meu corpo), pilates e caminhadas. Considero que a vida é isso mesmo. Todos nós estamos sujeitos a estas tempestades.
O mais importante de tudo, e é o que eu faço questão de falar para todos, é a coragem, a força, a fé e a vontade de aceitar tudo, de superar tudo e de seguir adiante. É assim que honramos o fato de sermos humanos e de satisfazemos o Criador ou o acaso de estarmos aqui. Foi disso tudo que nasceu o nome do meu novo show, “Nada como viver!”.
Você citou os amigos que o apoiaram, como Ivete Sangalo e Claudia Leitte. Mas às vezes, nas situações difíceis, muita gente que estava por perto só por interesse se afasta também. Você também sentiu isso?
De forma alguma. Citei algumas pessoas como Ivete, Claudinha, Padre Marcelo Rossi e Pedro Leonardo pois todos os conhecem. E por serem conhecidos, o hospital permitiu-me suas visitas. Mas, muito além desses, minha família e meus amigos todos estiveram muito presentes. Tanto no hospital pessoalmente comigo ou através de mensagens, orações, telefonemas, tudo.
No show, que hits não podem faltar para o público?
“Milla”, “Fim de semana”, “Menina”, “Preciso de você”, “Pra te ter aqui”, “Beijo na boca”, “Baianidade nagô” e “Cidade elétrica”, entre outros mais. Tive a sorte de sempre gravar músicas bacanas, com mensagens de alegria e alto-astral que marcaram momentos felizes na vida de muita gente. Este novo show é baseado no repertório do novo CD que estou lançando nesse momento, o “Beats, baladas & balanços – Manual para baladas”. Apesar disso, estes e outros hits citados não podem ficar de fora da playlist. E tem também a minha nova música, “Decolaê”, que é bem dançante, pra cima, e tem tudo a ver com o nosso momento Copa do Mundo.
Por que estrear o show no Rio, e não na Bahia?
Porque moro aqui no Rio desde agosto de 2012. Hoje tenho uma banda aqui e outra lá em Salvador. Na verdade vivi boa parte da minha vida na ponte aérea Salvador/Rio. Já tive estúdio de gravação aqui por 12 anos numa sociedade com o Guto Graça Mello, e boa parte da minha carreira foi desenvolvida aqui. Apesar disso e de ter saído fisicamente de Salvador para morar aqui, a Bahia está sempre comigo e irei levá-la aonde for através do que falo, do que canto, do que eu sinto. Começarei a nova tour portanto aqui no Rio e em seguida levarei o show pelo Brasil todo e afora. Globo.com
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