quarta-feira, 8 de julho de 2015

Flávio Dino (PCdoB) falou em entrevista à revista Carta Capital sobre o desafio de governar o estado



Desafio no Maranhão

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) falou em entrevista à revista Carta Capital sobre o desafio de governar o estado após mais de quatro décadas, com raríssimas e curtas interrupções, de gestão da família Sarney e com o país atravessando um momento econômico difícil e o governo federal, de quem o estado depende, fazendo cortes profundos nos gastos públicos.
“Desesperador? Não para Dino”, diz a Carta, para quem o governador analisou a crise nacional e os desafios de governar a unidade da Federação mais pobre e pregou a reinvenção das esquerdas.
“A situação econômica nacional tem vários aspectos preocupantes. O primeiro é o fato de a crise mundial ter afetado os preços das commodities. Caiu o preço do ferro, por exemplo, e isso afeta bastante as exportações realizadas pela Vale por meio do porto do Maranhão.
Por causa dos problemas na Petrobras, perdemos a refinaria que seria construída no estado. E há o temor de forte queda nos investimentos de programas federais, entre eles o Minha Casa Minha Vida, vital por sua capacidade de gerar empregos. O desenvolvimento regional não acontece por si só.
Depende do crescimento nacional. Um alívio vem do agronegócio, que continua firme. Por isso é fundamental uma agenda pós-ajuste. O acerto das contas não pode ser um fim em si mesmo”, disse Dino.
O governador falou sobre o fato da esquerda parecer ter perdido o debate econômico e social. “É central que o governo recupere a governabilidade social, não apenas institucional. E isso se faz com novas políticas, novos programas e ações transformadoras, em especial na direção da distribuição de renda e da inclusão. Mas não basta.
A esquerda precisa se reorganizar. Há um claro desgaste do papel de liderança do PT. Não vou entrar no mérito se isso acontece em razão das virtudes ou dos defeitos do partido. A pergunta a ser feita é: o que se colocaria no lugar?
Imagino um agrupamento semelhante à Frente Am-pla Uruguaia ou à Concertação Chilena. Um rearranjo institucional baseado nos partidos existentes.
Eles não seriam dissolvidos, mas transformados a partir de um novo programa capaz de reconectar o pensamento progressista com o sentimento da maioria. É impossível qualquer força de esquerda prosperar se ficar isolada da população”, disse Dino.
O comunista disse ainda que não vê base legal para um impeachment da presidente Dilma. “Inexiste base constitucional e jurídica para um impeachment”.
"Não estamos de braços cruzados", diz governador sobre Pedrinhas
O governador Flávio Dino falou ainda à Carta Capital sobre um dos mais graves problemas herdados na sua gestão: a tensão no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Uma comitiva de militantes de direitos humanos visitou, recentemente, a penitenciária e constatou que as violações continuam.
"Assumimos há seis meses. Apesar do pouco tempo, existe em vários setores um reconhecimento das medidas tomadas para melhorar a situação. Discutimos com o Supremo Tribunal Federal, o Ministério da Justiça, o Ministério Público e os Três Poderes do Maranhão um redesenho do sistema penitenciário.
Entre agosto deste ano e novembro de 2016, pretendemos entregar a reforma de unidades e alguns presídios novos. Essas obras vão permitir mudanças nas condições carcerárias de Pedrinhas.
Mas não estamos de braços cruzados. Desde o início do mandato tomamos as providências para acabar com as terceirizações nas penitenciárias. Neste momento, atuamos para substituir 960 terceirizados pelo equivalente de funcionários concursados", disse Dino.
O comunista ainda respondeu sobre o fato de as entidades de direitos humanos citarem casos de violência e intimidação em Pedrinhas. "Estamos à espera de que as entidades apontem claramente os fatos. Minha determinação é clara: as más condutas serão apuradas e punidas.
Temos uma reunião marcada com representantes de organizações de direitos humanos para ouvir o relato dos acontecimentos. Tivemos uma redução de 63% no número de mortos no sistema. Não desvalorizo as quatro mortes ocorridas neste ano. São terríveis, lamentáveis.
Mas antes eram 15, 20 mortes no mesmo período. Melhoramos a alimentação dos presos, humanizamos os espaços, preparamos a reforma e a construção de áreas de trabalho. Tudo é, no entanto, um processo.
Não tenho a pretensão de em seis meses resolver todos os problemas daquele que já foi tido como o pior sistema penitenciário do Brasil. É preciso ponderação, equilíbrio, para apontar as coisas negativas e reconhecer avanços concretos", afirmou Dino.
Fonte: Ananias Ribeiro

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