Fotos antigas e registros revive Tutóia
Igreja de Tutoia Velha. Foto: Elivaldo Ramos, 2017.
Para os mais antigos, o padre João Tavares é considerado o fundador da antiga Vila de Tutóia - a Tutoia Velha-, era natural do Rio de Janeiro, nascido a 24 de setembro de 1.679 e falecido a 24 de setembro de 1.743, exatamente no dia de seu aniversário, aos 64 anos de idade.
Prestes a completar 18 anos de idade, entrou para a Companhia de Jesus a 11 de junho de 1.697.
O Padre João Tavares, veio para o Maranhão como mestre de Filosofia e Teologia, com a disposição de voltar, tão logo terminasse a missão da qual fora imbuído, não fazendo porém, segundo opiniões, por amor aos Teremembés.
Tem-se por verdade que ele se afeiçoou muito aos índios Teremembés da Vila Viçosa (Tutoia Velha), intermediando, inclusive, com ogovernador do Maranhão à época, Alexandre de Sousa Freire, por terras para aldear os referidos índios.
Vejamos um trecho da obra de autoria do Dr. Justo Jansen “A Barra da Tutoya” datada do ano de 1908. Segue um print do original.
Imagem 1: Print do livro “A Barra da Tutoya”, 1908, p. 60, (versão virtual).
Neste documento a afirmação da intermediação do Padre João Tavares, da Companhia de Jesus, constando de duas cartas escritas ao governador do Maranhão Alexandre de Sousa Freire, dos anos 1728 e 1730 que os índios Teremembés tiveram a concessão das terras da ilha do Cajueiro, aproximadamente, no ano de 1722. O fragmento do texto abaixo confirma a data de 1723, quando Tavares recebe a missão de aldear os índios.
Print do original do livro (doc. virtual) “A Tutoya e o Delta do Parnaíba”. Citação do Livro de leis e ordens régias, Biblioteca Pública Eborense, folha 220 v.
Outro documento histórico datado do ano de 1910 com o título “Os limites do Maranhão com o Piauhy ou a Questão da Tutoya” do professor José Ribeiro do Amaral, uma publicação maranhense, traz o riquíssimo relato sobre os índios, tratado da Carta Régia ao Governador do Maranhão, em verdade trata-se de um ALvará de 25 de janeiro do ano de 1728 ordenando ao Governador do Maranhão cuidados com os índios:
Print do original “Os limites do Maranhão com o Piauhy ou a Questão da Tutoya” do professor José Ribeiro do Amaral, 1910, pág. 105, (doc. virtual).
O referido Alvará foi expedido após queixas do Padre João Tavares contra os irmãos Lopes que estavam querendo perturbar a posse dos índios na ilha do Cajueiro. Veja este trecho:
Print do original “Os limites do Maranhão com o Piauhy ou a Questão da Tutoya” do professor José Ribeiro do Amaral, 1910, pág. 105, (doc. virtual).
Como mostra o trecho do documento abaixo, os Teremembés eram os possuidores de terras desde a foz do Rio Parnaíba até o Rio Mayrim. Como não há registro de nenhum lugar do Brasil com o nome de rio com esse nome “Mayrim”, o rio Mayrim era o rio Banguê que deságua no igarapé de Tutoia passando pela ponte do povoado Tamancão?; ou um riacho que cortava o povoado Tutoia Velha que nascia numa lagoa denominada de “Baixa da Ninha” e desaguava também no igarapé de Tutoia Velha?
Relevante destacar, o referido riacho não existe mais nos dias atuais já não existe mais por se tratar de um rio temporário. Tampouco, existe a lagoa citada. A Lagoa Baixa da Ninha ficava próximo a outra lagoa chamada Baixa do São Miguel. Naquela região havia muitas outras lagoas e lagunas.
O sítio Mayrim é citado na “Aquarela de Tutoia”, em estrofe acrescentada pelo padre Hélio Maranhão à composição original de Nonato Freitas “Aquarela de Minha Terra”, nos dias atuais popularizada como “Aquarela de Tutoia”.
“Minha terra pequenina, taba dos Teremembés
Bem juntinho da colina, e o mar lhe beijando os pés
Cidadezinha esquecida, distante da capital
Mairim dos índios, mimosa, foi depois vila viçosa
Hoje é bonita jóia, cidade NOVA TUTOIA
Princesa do litoral”.
Autor: NONATO FREITAS (Escritor, Músico, Poeta, falecido em julho/1989) - participação do Monsenhor HÉLIO MARANHÃO, por inclusão da última estrofe (falecido em 9 de novembro de 2015).
Hélio Maranhão, em um escrito seu feito ao “Jornal do Maranhão” de 26 de julho de 1964, página 3, descreve a Tutóia Velha como “sítio Mayrim dos índios", na publicação intitulada “História viva de Tutoia ao Delta”. Segue o print do jornal.
Transcrevemos um trecho da matéria:
“O povoamento dos “brancos” começou nesta época com a entrada de um português, de nome desconhecido, que para lá imigrou em 1727, com uma leva de “cabeças chatas”.
A taba dos Teremembés, Tutóia dos Índios, bem situada às margens do Banguê, era chefiada pelo índio Bico. E foi com este chefe que o pequeno núcleo de povoamento “branco” ali se fixou, pois o Bico generosamente consentiu no desbravamento das matas, no cultivo das terras e na criação dos primeiros rebanhos.
Com o tempo outros povoadores se sucederam. muitas choupanas se levantaram. E o núcleo demográfico foi-se avolumando pela região do Delta até que em 1758, por vontade Régia, a aldeia da Tutóia dos Índios, a simpática Mayrím dos Padres da Companhia de Jesus, passou a ser chamada pelo nome viçoso de Vila Viçosa.
Esta, a Mayrim daqueles dias, a Tutóia dos índios, a Vila Viçosa que hoje a passos largos e irresistíveis caminha para a libertação econômica e social de toda a bela região do Delta do Parnaíba”.
Hélio Maranhão certamente bebeu desta mesma fonte literária “Os limites do Maranhão com o Piauhy”, haja vista, na página 111 do livro citado, temos o seguinte:
Após catequizados, os índios foram aldeados no sítio chamado Mayrim. O padre Tavares sempre esteve próximo aos índios, foi o grande responsável pelo seu aldeamento.
Apesar dos registros do aldeamento dos Teremembés no sítio da Tutoia Velha, feitos pelo Padre João Tavares em 1723, há registos mais antigos, do ano de 1687, em que os prestimosos Teremembés estavam sob os cuidados de outro padre, o jesuíta Padre Antonio Vieira.
O padre Antônio Vieira, no ano de 1652, teve autorização do rei D. João IV para solicitar dos governadores dos estados o apoio para alojamento e catequização dos índios no Brasil, aqui no Maranhão ele abriu caminhos e passou na região de Tutóia, em Missão.
O Padre Antônio Vieira mapeou os Teremembés desde o rio Jaguaribe, no Ceará, até o rio Gurupi, no Maranhão, afirmando que eles habitavam toda essa região costeira.
Eles eram conhecidos com pelo menos quatro variações no nome, por essas regiões, quais sejam: Teremembés, Tremembés, Tramemês ou Taramembézes.
Print de fragmentos do livro “A Questão da Tutoya”, pág. 37. (doc virtual)
Veja o trecho abaixo.
Este documento (acima) traz um trecho da jornada do Maranhão que tinha o objetivo de explorar o litoral do estado e os índios Teremembés já ocupavam todo o Delta. E Tutóia foi ponto de reunião desta jornada por terra, e o cuidados com índios já constava de recomendações dever-se-ia assegurar “o sítio da Titóia aos taramambés”.
Pesquisa feita pelo professor Elivaldo Ramos Lima
Tutóia-MA, Março de 2023
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