domingo, 15 de março de 2015

Maranhenses vão às ruas neste domingo em favor do impeachment



A nível nacional, participam ainda os grupos Acorda Brasil e Vem pra rua
Luiza Pinheiro/Imparcial

 (Diego Chaves/ O IMP/D.APRESS)
Desde o início do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT), grupos insatisfeitos com a situação econômica do país e com as denúncias de corrupção na Petrobras começaram a discutir o pedido de impeachment da presidente. O dia 15 de março o escolhido para as manifestações em todo o país para pedir a cassação do mandato de Dilma.
 
No Maranhão, estado que registrou a maior votação proporcional para a reeleição da representante do PT, o ato é organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Caras Pintadas e Acorda Maranhão. A nível nacional, participam ainda os grupos Acorda Brasil e Vem pra rua. Em São Luís, a manifestação acontece hoje às 9h na Avenida Litorânea. O ato de Imperatriz também está marcado às 9h, na Praça de Fátima. Em Barreirinhas, o protesto é pela tarde, às 15h, na Praça do Trabalhador.
 
A mobilização para o ato de amanhã começou em São Luís por iniciativa do líder do Movimento Brasil Livre no estado, o médico Allan Garcês, que fez questão de ressaltar que a manifestação não é da classe médica, mas de toda a população. Após acompanhar o início da mobilização em outras cidades do país, Garcês entrou em contato com Helen Marques, líder do Caras Pintadas, e Gabriel Barradas, do Acorda Maranhão, para juntos organizarem o ato na capital maranhense.
 
O grupo se reuniu semanalmente por aproximadamente um mês na sede do Conselho Regional de Medicina (CRM), no bairro do Renascença, para debater o processo de impeachment e acertar os detalhes da manifestação. Cerca de 40 pessoas participaram de cada encontro. Segundo Helen Marques, líder do Caras Pintadas, eram lideranças que iam às reuniões, representantes de outras 50 ou 100 pessoas. A estimativa dos organizadores é que entre 1500 e 2000 pessoas participem da manifestação de domingo. Até o final da semana, mais de 3000 confirmaram presença no evento de redes sociais.
 
“Queremos mostrar que estamos decididos quanto a nossa opinião do governo, não queremos mais a presidente. A gente quer de uma forma pacífica, cidadã, mostrar que estamos insatisfeitos e que queremos sim o impeachment. Essa é a linguagem do momento, do cidadão brasileiro e a gente quer falar a mesma linguagem para ganhar mais força”, argumentou Helen Marques.
 
Na última reunião do grupo antes da manifestação, realizada na última quarta-feira (11), o auditório do CRM estava praticamente lotado. O estudante de medicina em Caxias, Dyego Mondego Moraes, foi pela primeira vez a um dos encontros para saber conhecer os organizadores do ato. “Não posso ir a um protesto sem entender o posicionamento deles. Defendo o processo democrático do impeachment”, afirmou.
 
Helen Marques, professora de inglês e estudante de arquitetura e urbanismo, criou o grupo Cara Pintadas no Maranhão em outubro de 2014, no período de eleições, para discutir política entre amigos. Na mesma semana, foi criado o Caras Pintadas a nível nacional e Helen Marques foi chamada para ser a representante do movimento no estado.
 
Sobre o fato de 78,76% dos maranhenses terem votado em Dilma Rousseff no ano passado, a líder do grupo, que faz referência aos manifestantes que pediram o impeachment do ex-presidente Fernando Collor em 1992, afirmou que muitos eleitores se arrependeram do voto. “Na Avenida Litorânea, um senhor veio me perguntar se não tinha nenhum adesivo dizendo ‘a culpa é minha, eu votei na Dilma’ porque ele votou nela e estará na manifestação do dia 15”, afirmou Helen Marques.
 
O Movimento Acorda Maranhão, hoje liderado pelo policial Gabriel Barradas, foi criado no primeiro semestre de 2013 e esteve à frente dos protestos realizados naquele ano em São Luís. Em todo o país, milhares de pessoas foram às ruas em junho de 2013 para se manifestar contra o aumento das tarifas do transporte público e outras demandas populares.
 
Como o Caras Pintadas, o Movimento Brasil Livre também foi criado em outubro, antes do segundo turno das eleições. No Maranhão, o MBL surgiu “no calor do impeachment”, como afirmou o líder Allan Garcês, que foi candidato a vereador de São Luís pelo PSDB em 2012. Segundo o médico, o movimento não tem cunho político e o processo de impeachment seria possível de acordo com a análise do jurista Ives Gandra da Silva Martins.
 
O jurista e professor da Universidade Mackenzie defende a hipótese de culpa, quando não há a intenção de cometer o crime, para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O fundamento da análise de Ives Gandra Martins tem base na “destruição da Petrobras, reduzida a sua expressão nenhuma, nos anos de gestão da presidente Dilma Rousseff como Presidente do Conselho de Administração e como presidente da República, por corrupção ou concussão, durante oito anos, com desfalque de bilhões de reais, por dinheiro ilicitamente desviado e por operações administrativas desastrosas, que levaram ao seu balanço não poder ser sequer auditado”, como escreveu em artigo divulgado em seu site.
 
Ainda segundo Ives Gandra Martins, os crimes teriam continuado quando Dilma assumiu o primeiro e o segundo mandato e manteve a mesma diretoria “que levou à destruição da Petrobras”. A presidente também teria demonstrado omissão, imperícia, imprudência ou negligência ao avaliar o negócio da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que causou um prejuízo de milhões de dólares.

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