Falta de rede de esgoto, asfalto, serviços de limpeza, assistência de saúde e educação são os principais problemas
O Imparcial - Sandra Viana
Quando chove, os moradores têm que enfrentar a invasão de água suja e lama podre em suas residências |
“A gente não mora em uma rua, mora em um chiqueiro”, disse a servente Maria Isabel Correa, de 43 anos, moradora da Travessa Garrastazu Médici, no bairro Campina, município de São José de Ribamar. No local há mais de cinco anos, ela diz que, apesar das promessas dos gestores, o local nunca recebeu benefícios. Na travessa falta asfalto, esgoto, distribuição regular de água e serviço de limpeza.
Quando chove, os moradores têm que enfrentar a invasão de água suja e lama podre em suas residências. O problema, segundo eles, já foi comunicado diversas vezes à Prefeitura, mas até o momento, não houve resposta. Para amenizar as dificuldades, eles próprios tomam medidas paliativas, como entulhar a frente das casas com pedras e qualquer material que possa impedir a entrada de lama. “Estamos aqui esquecidos. As autoridades só aparecem quando é período de eleição”, diz o mecânico Adair Pinto, 25 anos.
O período chuvoso é tempo de preocupação aos moradores. Segundo eles, quando chove a água fica empoçada nas várias valas abertas na travessa. Um antigo poço, há anos entupido, serve como depósito de lixo e conserva uma água de cor esverdeada e mal cheirosa, deixando a comunidade em risco de contrair doenças. Para não ter a casa atingida pela água, os moradores precisam constantemente abrir córregos para escoamento. “Quando entope, lá vem a gente de novo fazer o serviço, senão, a água de tudo que é canto entra na nossas casas”, disse o morador Laércio Domingues, 44 anos. “Nem uma piçarra tiveram coragem de jogar aqui para melhorar. Estou aqui há mais de cinco anos, saí prefeito, entra prefeito, e nunca se ouviu falar em asfalto”, denuncia outro morador.
Município abandonado
“Nós só queremos que eles venham conversar com a gente e vejam uma solução. Do jeito que está não pode ficar”, diz o morador Laércio Domingues, de 44 anos. Ele é um dos prejudicados com os problemas do local. Na porta de sua casa está uma das valas abertas pelos moradores para impedir que a água suja e a lama entrem nas residências. Pelo menos uma vez na semana ele pega a enxada e reabre o escoamento. Na porta de sua casa ficam a lama mal cheirosa e o mato acumulado. “É um trabalho que seria desnecessário se o prefeito tivesse cumprido o que ele nos prometeu quando tomou posse”, reclama. Laércio diz que pensa em se mudar do local, mas ainda tem esperança de que a melhoria chegue. “A gente tem que acreditar que eles vão se sensibilizar e olhar para nossa rua, que está abandonada”, relata o morador.
Cais precário
Onde antes se aglomeravam pescadores e era ponto de turistas, hoje é o retrato do abandono. Assim dizem os próprios pescadores sobre a situação do cais da Praia de São José de Ribamar. Estão entre os problemas fissuras, rachaduras, placas de concreto desalinhadas, falta de calçamento para pedestres, matagal cobrindo o calçamento, ferragem aparente, desgaste de estrutura, lixo acumulado, placas de concreto soltas. O parapeito está quebrado e quase toda a estrutura enferrujada. A passarela que deveria servir aos pedestres está tomada pelo matagal e buracos. A mureta de proteção está quebrada e com ferragens expostas. Quem trafega no local corre o risco de acidentes, pois não há proteção nas laterais e onde ainda resta, está corroída pelo salitre.
Devido aos riscos iminentes, duas barreiras de pedras foram postas nas extremidades da passagem do cais para dificultar a entrada de veículos de grande porte. “Quando passa um carro grande tudo isso fica tremendo”, disse o pescador João Evangelista Barros, 48 anos. Os problemas são causados pelo desgaste do tempo e a falta de manutenção regular destas estruturas. A falta de iluminação na área é outro problema. “Aqui à noite é uma escuridão só. Já aconteceram vários acidentes de gente caindo no mar”, disse o pescador aposentado Valmir Severo Cardoso, 64 anos. Ele aponta que a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) é a responsável pelo espaço, mas não tem feito as melhorias, nem manutenção necessária. “A gente ainda espera que seja feita uma reforma aqui”, disse Valmir.
Medidas
A Travessa Garrastazu Médici está no cronograma de ações da Prefeitura de São José de Ribamar, para pavimentação asfáltica, recuperação e melhoramento de ruas e avenidas, segundo a assessoria, em nota à reportagem. Segundo a nota, o trabalho, que tem prazo de execução de 180 dias, vem sendo realizado em várias regiões da cidade, e, no momento, concentrado nas vilas e na sede. A assessoria informa que já estão autorizados os serviços de pavimentação das Avenidas 09 e 10; Ruas 05 e 06; além da Avenida Projetada, todas situadas no Cohabiano II; e das Ruas 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09 e 10, no Novo Cohatrac. Os recursos são da ordem de pouco mais de R$ 3 milhões, fruto de convênio entre o Governo do Estado e a prefeitura ribamarense.
Neste cronograma também estão incluídas nas obras de asfaltamento outras localidades, entre elas, Cohabiano X (Rua Nossa Senhora da Conceição), Villagio do Cohatrac (Rua 11), Jardim Araçagi (Ruas 26 e 28), e Alto do Itapiracó (Rua Professor Nascimento de Moraes, Rua Costa e Silva e Avenida Itapiracó). As autorizações Destas obras serão dadas nas próximas semanas, segundo a Prefeitura. O recurso servirá ainda para o asfaltamento das Ruas Major Pirola, da Saúde e Silva Maia, todas localizadas na Sede do município.
Outro convênio firmado entre Estado e Município está possibilitando o asfaltamento da Estrada que liga a MA – 201 ao Residencial Turiúba. A reportagem também entrou em contato com a assessoria da Emap para se pronunciar sobre os problemas do cais da Praia de São José de Ribamar, que está sob a responsabilidade da empresa. A assessoria solicitou envio de email com os questionamentos e se comprometeu a enviar posicionamento, o que não foi feito até o fechamento desta edição.
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