quarta-feira, 28 de maio de 2014

O ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) pediu aos líderes aliados do governo, em reunião na manhã desta terça-feira, que indiquem os integrantes para a CPI do cartel o mais rápido possível para evitar que a comissão da Petrobras consiga de fato prosseguir nas investigações.



Depois de sucessivas manobras orquestradas pelo governo para retardar o seu funcionamento, a CPI mista (com deputados e senadores) da Petrobras será instalada nesta quarta-feira (28) no Congresso para investigar a estatal.
Ao contrário da CPI da Petrobras do Senado, que sofre boicote da oposição, a comissão mista de inquérito tem apoio do DEM e PSDB - que prometem usá-la como palco para atacar o governo em ano eleitoral.
Para neutralizar o foco na CPI mista, aliados da presidente Dilma Rousseff vão instalar na semana que vem outra comissão de inquérito para investigar o cartel do metrô de São Paulo. A estratégia é atrair as atenções para a comissão do cartel, que mira a gestão do PSDB no Estado - principal adversário do PT na disputa pela Presidência da República.
O ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) pediu aos líderes aliados do governo, em reunião na manhã de ontem terça-feira(27), que indiquem os integrantes para a CPI do cartel o mais rápido possível para evitar que a comissão da Petrobras consiga de fato prosseguir nas investigações.
Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) confirmou que a CPI mista da Petrobras vai começar a apurar denúncias de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela estatal. "A partir de amanhã, o mais idoso dos indicados convocará sessão que elegerá presidente e aprovará o plano de trabalhos da CPI. Amanhã teremos na prática a instalação da CPI mista", afirmou.
Os partidos finalizaram nesta terça-feira as indicações para a comissão mista. O PT e o PMDB do Senado, últimos a escolherem seus integrantes, indicaram quase todos os senadores que já participam da CPI governista. A expectativa é que o senador Vital do Rêgo (PMDB-PG), que já preside a CPI do Senado, seja eleito para também ser presidente da comissão mista.
"Indicamos os membros e não nos colocamos contra nenhuma investigação. Queremos que o debate eleitoral que a oposição vai trazer para a comissão mista tenha um contraditório", disse o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).
A relatoria deve ficar com o deputado Marco Maia (PT-RS), fiel aliado do Palácio do Planalto, a exemplo de Vital. O PMDB do Senado escolheu nomes alinhados com o governo para reduzir dissidências, já que a bancada da Câmara indicou deputados que são mais "independentes" e podem a ajudar a aprovar convocações e requerimentos indigestos para o governo.
Mesmo com maioria governista, a oposição aposta nas dissidências para tentar convocar os principais personagens envolvidos nas denúncias contra a estatal. De acordo com o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), a prioridade do partido será convocar o ex-diretor de abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, pivô da operação Lava Jato que investiga lavagem de dinheiro.
A oposição também apresentará requerimentos para pedir o compartilhamento de informações da Polícia Federal e da Justiça e até mesmo a quebra de sigilo sobre algumas investigações.
Apesar da disposição dos oposicionistas, as investigações correm o risco de ficar em segundo plano com o início da Copa do Mundo, em 12 de junho, e o recesso parlamentar, a partir de meados de julho. Por isso, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), propôs que o recesso seja suspenso. A decisão cabe ao presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que ainda não se pronunciou sobre a possibilidade.
CARTEL
Líder interino do governo na Câmara, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) criticou a investigação contra a Petrobras e disse que a comissão será apenas palco de uma disputa político partidária. Para ele, já que a investigação contra a estatal é inevitável, o cartel de trens formado em São Paulo durante gestões tucanas também deve ser apurado.
"Ela está fortemente contaminada pela disputa eleitoral. Não acredito que ela será isenta para investigar qualquer coisa a fundo. Mas com certeza precisamos ter duas CPIs mistas. É incompreensível que a campanha do Aécio Neves [pré-candidato à Presidência pelo PSDB] queira organizar um palco político eleitoral em torno da Petrobras e se negue a instalar a CPMI sobre o cartel de trens que ocorreu em São Paulo", disse.
Imbassahy também defendeu a instalação da CPI mista do cartel. Para o líder, é melhor que a questão seja logo resolvida para que o partido não continue sendo questionado. O deputado afirmou ainda não temer que as investigações possam atingir o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). G1 Notícias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário