POLÍTICA - BRASÍLIA
Pedro Simon, autor da proposta
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Análise de projeto que reprime atos de vandalismo é adiada.Demissão de pessoa com Aids poderá ser crime, segundo projeto aprovado pela CCJ.Aprovada criação de cargos na Escola Superior do Ministério Público.CCJ aprova novas regras para controle de custos de obras federais PEC de Simon evita 'humilhação' de Congresso entrar em recesso sem votar Orçamento.
O Congresso Nacional poderá ser impedido de entrar em recesso em dezembro se não aprovar o Orçamento da União para o ano seguinte. Isso é o que estabelece proposta de emenda à Constituição (PEC 50/2004), de iniciativa do senador Pedro Simon (PMDB-RS), aprovada nesta quarta-feira (30) pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). A medida passou com os votos contrários das senadoras do PT Gleisi Hoffmann (PR), Ana Rita (ES) e Ângela Portela (RR).
A proposta gerou debate entre os senadores e levou Gleisi a apresentar voto em separado pela rejeição. Após afirmar que “os tempos do Congresso não são os tempos da sociedade”, a petista disse temer que o Legislativo se alongue nas discussões e postergue a votação da peça orçamentária, causando, assim, dificuldades para a governança do país. Seu receio é de que esse impedimento também prejudique a tramitação de medidas provisórias e projetos de lei em regime de urgência.
- Esse país não pode parar! Minha preocupação é fazer algo que depois deponha contra nós – declarou Gleisi, que chefiou a Casa Civil da Presidência da República no atual governo.
Humilhação
As considerações da senadora sobre o descompasso entre as demandas da sociedade e o processo legislativo chegaram a receber apoio de Simon e do senador Pedro Taques (PDT-MT), mas ambos não abriram mão da aprovação da PEC 50/2004. Na avaliação do autor da proposta, é uma “humilhação” o Congresso entrar em recesso sem votar o orçamento seguinte.
- Nos Estados Unidos, o país para se o Congresso não votar o orçamento. O presidente não pode fazer nada até que se vote – comentou Simon.
Depois de classificar as MPs como “excrescência”, Taques ponderou que impedir o alongamento de certos debates no Parlamento poderia enfraquecê-lo. Como saída para o impasse, sugeriu que o Plenário se debruçasse exclusivamente sobre assuntos urgentes e estruturantes para o país, de modo a conferir agilidade às decisões do Congresso.
Estranheza
Para o relator da PEC 50/2004, senador Alvaro Dias (PSDB-PR), “causa estranheza” o fato de a Constituição Federal impedir o Congresso de entrar em recesso em julho se não votar o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e não fazer o mesmo em relação ao projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA).
Segundo observou no parecer, “a lei de diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária são partes de um mesmo processo, intimamente imbricadas, e não há razão para dar-lhes tratamento diverso”.
Duodécimos
Com a aprovação da PEC 50/2004 pela CCJ – e a consequente rejeição do voto em separado de Gleisi –, a proposta segue agora para dois turnos de votação no Plenário do Senado. Seu texto estabelece que a “sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, nem finalizada sem a aprovação do projeto de lei orçamentária anual”.
Pela legislação em vigor, no início de um ano sem que o orçamento tenha sido aprovado, o Executivo conta apenas com a liberação mensal de um doze avos (duodécimos) do valor previsto para o custeio da máquina pública. Para projetos e investimentos, o governo deve esperar pela aprovação da LOA ou optar pela edição de medida provisória.
Durante a discussão da PEC 50/2004, os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) também se manifestaram favoráveis a sua aprovação.
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