segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Corrupção e falta de propostas distancia jovens do processo eleitoral



Este ano, apenas 35% deles tiraram o título para ir às urnas em outubro.



Ter o direito de votar, mas não querer exercê-lo. Esse é o perfil de adolescentes brasilienses que tiraram o Título de Eleitor por pressão dos pais ou sequer requisitaram o documento. Apesar de terem idade e garantia legal para escolher os futuros governantes do país e da unidade da Federação em que vivem, preferem não tomar para si essa responsabilidade.
 
O último levantamento do IBGE revela que, há quatro anos, o Distrito Federal tinha aproximadamente 86 mil jovens entre 12 e 13 anos. Este ano, portanto, eles poderiam ir às urnas pela primeira vez. Número significativo, porém reduzido por conta da falta de interesse dessa parcela da população pela política. Dados do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) mostram que apenas 35% desse contingente tiraram o título para as eleições de 2014, o equivalente a 30.591 pessoas.

Os motivos são muitos. Falta de estímulo da família, prioridades diferentes, desgosto pela política e até preocupação com o vestibular. Mas a principal queixa dos futuros eleitores é a ausência de candidatos com propostas interessantes e voltadas especificamente para eles. Concorrentes sem sintonia com as ideias e sem contato direto com os jovens também tem feito os adolescentes recusarem as urnas. “Não vejo uma coisa melhor, existe uma desesperança. Nós temos o poder de decidir uma eleição, somos muitos, mas precisa de um diálogo maior, que poderia aumentar o meu interesse”, diz a estudante Clara Sandri de Oliveira Passos, 17 anos, que não tirou o Título de Eleitor.

Na casa da estudante Marytza Rafaela Barros de Macêdo, 17 anos, não houve incentivo. O pai não se liga no assunto e não houve pressão para tirar o documento. Por escolha própria, a garota preferiu deixar para pensar no voto nas eleições de 2018. Ela admite que o comportamento do pai pode ter influenciado, mas relaciona a falta de interesse, principalmente, à imaturidade. Marytza acha que ainda é cedo. “Não me sinto preparada. E, quando olho de fora, tenho a impressão de que todos os políticos são iguais. Preciso viver isso mais na prática. Além disso, tenho apenas 17 anos, não vou me ligar 100% em política.
 
Tenho a minha vida”, afirma a adolescente. Outro ponto importante para ela é a credibilidade. Ela acredita que os jovens não são “levados a sério”. “Quando fiz um trabalho em grupo na escola, tentamos ir à Câmara, mas eles nunca responderam. Acham que a gente não tem voz ativa. Não acreditam no poder do nosso voto. Será que são os jovens têm que mudar ou são os políticos?”, provoca. Informações, Jornal o Imparcial.

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